Na última terça-feira, dia 23 de julho, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) enfrentou um grave incidente de segurança cibernética. Soluções do ColaboraGov, que atendem onze órgãos da administração federal foram comprometidas, como o Sistema Eletrônico de Informações (SEI) Multiórgão do MGI, o CompartilhaServiços e algumas funcionalidades do sistema Contratos.gov.br. A Polícia Federal foi acionada para apurar o ocorrido, e a equipe de Tecnologia da Informação está trabalhando incansavelmente para resolver o problema e restabelecer os serviços o mais breve possível.
Infelizmente, notícias como essa têm se tornado cada dia mais comuns no governo, como o recente ataque ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), com desvios estimados em R$3,5 milhões aos cofres públicos. O Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos do Governo (CTIR-Gov) registrou, até 1º de julho de 2024, um total de 4,7 mil incidentes cibernéticos, mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior. São números que demonstram o enorme desafio das equipes de segurança digital do governo.
Os Analistas em TI são servidores públicos que desempenham um papel fundamental na segurança cibernética do governo. Eles são responsáveis por proteger sistemas, detectar vulnerabilidades e garantir a integridade das informações. No entanto, enfrentam desafios significativos, incluindo a falta de mecanismos de retenção do gestor de TI no governo.
Mesmo com concurso público em aberto e a reorganização da carreira dos ATIs em 2024, o salário inicial permanece em R$11.150,80, muito abaixo do que profissionais de cibersegurança recebem em outros setores, com salários que chegam a R$38 mil.
Diante das ameaças persistentes, sistemas complexos e regulamentações rigorosas, como LGPD, Política Nacional de Cibersegurança - PNCiber e Programa de Privacidade e Segurança da Informação - PPSI, o governo necessita de profissionais qualificados e experientes para proteger os serviços públicos digitais e garantir a confiança dos cidadãos.
Os órgãos públicos também sofrem com o baixo ou nenhum investimento em segurança cibernética, atuando com estruturas muito enxutas e com poucos servidores, a exemplo da atual estrutura de Segurança da Informação da Diretoria de TI do MGI, que através do ColaboraGov, atende 13 Ministérios. Trata-se de cenário muito desproporcional ao aumento exponencial da demanda tecnológica através da transformação digital do governo federal, que conta com mais de 90% dos serviços públicos digitais.
O ataque cibernético ao Ministério da Gestão destaca a urgência de investimento nas estruturas de TI dos órgãos públicos federais e na valorização adequada dos Analistas em TI. Esses profissionais desempenham um papel vital na proteção dos dados e sistemas do governo, e é essencial reconhecer sua importância e responsabilidade. Com salários pouco atrativos dos ATIs e o baixo patrocínio da alta gestão dos órgãos públicos na temática de segurança da informação, os incidentes cibernéticos serão cada vez mais frequentes e impactantes, colocando em risco a segurança e a soberania nacional, bem como a garantia dos direitos fundamentais do cidadão.